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Vale a pena os jovens fazerem um Mestrado? Para a maioria das profissões, sim.

PUBLICADO A 17/12/2024

AUTOR FBA

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O número de jovens trabalhadores com mestrado aumentou de forma exponencial nos últimos anos. De acordo com os dados dos Quadros de Pessoal, o volume de jovens mestres no mercado de trabalho foi, em 2022, seis vezes superior ao registado em 2010. 

Enquanto, em 2010, apenas 1,2% dos trabalhadores entre os 25 e os 34 anos tinham completado o mestrado, em 2022, já 7,3% dos jovens tinham este nível de escolaridade.

Existe um ganho salarial em ter um Mestrado para os trabalhadores mais jovens?  

O salário médio dos jovens trabalhadores com mestrado tem registado algumas oscilações ao longo da última década, desde a queda acentuada até 2015 – como consequência dos efeitos da crise financeira 2010-2014 – à subsequente recuperação nos anos seguintes até 2021, voltando a decrescer em 2022 devido, em grande parte, ao forte período inflacionário do pós-pandemia. Não obstante, em 2022, o salário médio dos jovens mestres foi de 1.881€, um valor, em termos reais, ligeiramente superior – 1,6% – ao de 2010.  

Apesar das variações do salário médio dos jovens trabalhadores com mestrado, o ganho salarial de completar um mestrado, face a níveis de qualificação mais baixos – como uma licenciatura –, tem vindo a aumentar, sobretudo de 2013 em diante.  

Em 2022, os trabalhadores entre os 25 e 34 anos com mestrado, ganhavam cerca de 24% mais do que os trabalhadores na mesma faixa etária que possuíam apenas licenciatura. Em 2010, esta diferença salarial era de apenas 10%. Num período de doze anos, o ganho salarial de completar um mestrado, face a deter apenas uma licenciatura, aumentou cerca de 14 pontos percentuais. 

Em 2010, os jovens (25-34 anos) trabalhadores com mestrado ganhavam, em média, cerca de 166€ a mais do que os jovens licenciados. Em 2022, este ganho adicional foi de 366€. 

Salário médio real dos jovens trabalhadores com mestrado completo e rácio salarial entre mestrado e licenciatura

FONTE: QUADROS DE PESSOAL (GEP/MTSSS), FBA/BRIGHTER FUTURE. (1)

A vantagem salarial de ter um mestrado foi superior nas áreas de formação que pagam melhor

O ganho salarial adicional do mestrado face à licenciatura não foi uniforme para todas as áreas de formação. Para as áreas de “Informação e jornalismo”, “Arquitetura e construção”, “Formação de professores” e “Serviços sociais”, a vantagem salarial de ter mestrado foi, em 2022, inferior a 10%. Estas foram também as áreas com os mais baixos salários médios para os jovens trabalhadores, tanto para mestres, como para licenciados.  

No sentido inverso, nas áreas da “Saúde”, “Ciências empresariais” e “Direito”, a vantagem salarial do mestrado face à licenciatura foi, em 2022, superior a 25% para os trabalhadores mais jovens. 

Salário médio real dos jovens trabalhadores com mestrado e rácio salarial entre mestrado e licenciatura por área de formação, 2022

FONTE: QUADROS DE PESSOAL (GEP/MTSSS), FBA/BRIGHTER FUTURE. (1)(2)

A vantagem salarial de ter um mestrado verifica-se em todas as profissões?  

A diferença entre o salário médio auferido pelos jovens (25-34 anos) mestres e os licenciados varia consoante as suas ocupações, havendo até profissões em que os licenciados têm, em média, salários mais elevados do que os mestres. No entanto, estes casos são uma minoria. 

Em 2022, os mestres tinham uma vantagem salarial face aos licenciados em 89% das profissões qualificadas que constam no Brighter Future, ou seja, profissões em que, à partida, é necessário o ensino superior. 

Analisando este indicador por profissão, no 2022, conclui-se que: 

Diferença salarial entre mestres e licenciados por profissão, 2022

FONTE: QUADROS DE PESSOAL (GEP/MTSSS), FJN/BRIGHTER FUTURE (1)(3)


Nota Metodológica:  

Para a elaboração do presente Insight recorreu-se aos dados dos Quadros de Pessoal que resultam de um inquérito anual obrigatório a todas as empresas do setor privado e do setor empresarial do Estado com pelo menos um trabalhador por conta de outrem e que está a cargo do Gabinete de Estratégia e Planeamento do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (GEP/MTSSS), sendo que estes dados foram posteriormente tratados pela Fundação Belmiro de Azevedo.    

  1. São considerados os trabalhadores por conta de outrem em empresas do setor privado e do setor empresarial do estado. Os trabalhadores independentes, de serviço doméstico e do setor público administrativo não integram os dados originais. Preços constantes (base 2022). Pessoas ao serviço na faixa etária dos 25 aos 34 anos.  

  2. Consideraram-se apenas as áreas de formação com pelo menos 500 jovens trabalhadores com ensino superior.    

  3. Consideraram-se apenas as profissões Brighter Future mais qualificadas, ou seja, profissões pertencentes aos grupos 1 a 3 de acordo com a Classificação Portuguesa de Profissões (CPP/2010): ‘Representantes do poder legislativo e de órgãos executivos, dirigentes, diretores e gestores executivos’, ‘Especialistas das atividades intelectuais e científicas’ E ‘Técnicos e profissões de nível intermédio’. Adicionalmente, consideraram-se apenas as profissões Brighter Future com pelo menos 100 jovens trabalhadores com licenciatura e pelo menos 100 jovens trabalhadores com mestrado.