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Jovens trabalhadores são cada vez mais qualificados mas também sobrequalificados para os empregos que ocupam

Nos útimos anos tem-se verificado um aumento dos diplomados do ensino superior que trabalham em ocupações pouco qualificadas. Fica a saber em que regiões estes fenómenos são mais frequentes.

PUBLICADO A 28/03/2021

AUTOR FJN

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O nível de qualificações entre os jovens trabalhadores portugueses aumentou nos últimos anos. A percentagem de trabalhadores em empresas entre os 25 e os 34 anos que completaram o ensino superior aumentou de 24,2% em 2010 para 29,5% em 2018.

Mas será que estes jovens diplomados estão a trabalhar em ocupações que exigem o ensino superior?

Mais importante, será que o aumento das qualificações dos jovens portugueses se tem traduzido num emprego adequado aos seus níveis de escolaridade?

O desfasamento entre o nível de qualificações e o nível de escolaridade requerido no exercício de uma profissão designa-se sobrequalificação e é medido através da percentagem de jovens trabalhadores de empresas (25-34 anos) com ensino superior completo a exercer ocupações que não o exigem. Em 2018, entre os trabalhadores em empresas dos 25 aos 34 anos que completaram o ensino superior, cerca de 30,1% eram sobrequalificados para a profissão que exerciam, mais 6% do que em 2010 (24,1%). O crescimento na taxa de sobrequalificação tem vindo a acompanhar a crescente qualificação dos mais jovens, sugerindo que, a nível nacional, a melhoria das qualificações não tem sido acompanhada por um aumento da qualidade do emprego.

Evolução da percentagem de jovens trabalhadores diplomados e da taxa de sobrequalificação*

*A taxa de sobrequalificação é a percentagem de jovens trabalhadores, dos 25 aos 34 anos, que completaram um grau do ensino superior mas trabalham em ocupações que não exigem esse nível de escolaridade (CITP 4 a CITP 9).

Fonte: FJN/Brighter Future, Quadros de Pessoal (GEP/MTSSS) Nota: Trabalhadores em empresas; faixa etária 25-34 anos; com ensino superior completo.


Quais são as regiões de Portugal com maior percentagem de jovens sobrequalificados?

É no Algarve que a percentagem de jovens trabalhadores diplomados sobrequalificados é maior – cerca de 44%. Esta região destaca-se por ser a segunda região com menor percentagem de jovens trabalhadores com o ensino superior (20,5%) e a região onde a sobrequalificação é mais pronunciada.

Taxa de sobrequalificação* por região, 2018

*A taxa de sobrequalificação é a percentagem de jovens trabalhadores, dos 25 aos 34 anos, que completaram um grau do ensino superior mas trabalham em ocupações que não exigem esse nível de escolaridade (CITP 4 a CITP 9).

Fonte: FJN/Brighter Future, Quadros de Pessoal (GEP/MTSSS) Nota: trabalhadores em empresas; faixa etária 25-34 anos; com ensino superior completo. A informação regional diz respeito à empresa e não ao local de residência dos trabalhadores.

As regiões dos Açores, Centro, Alentejo e Madeira também apresentam taxas de sobrequalificação acima da média nacional. Em contraste, a região Norte e a Área Metropolitana de Lisboa – que são as regiões com maior número de trabalhadores em empresas – apresentam uma taxa de sobrequalificação muito próxima da média nacional: 28,3% e 29,7%, respetivamente.

A sobrequalificação aumentou em todas as regiões de Portugal entre 2010 e 2018, com maior incidência no Algarve e nos Açores:

  • Algarve: aumento de 14,4 pontos percentuais
  • Açores: aumento de 18,9 pontos percentuais


Qual a relação entre o crescimento da sobrequalificação e dos trabalhadores diplomados?

Contrariamente ao expectável, é nas regiões com menor crescimento de qualificações superiores que se tem verificado um maior avanço da sobrequalificação.

Da evolução da percentagem de jovens trabalhadores diplomados e da taxa de jovens trabalhadores sobrequalificados por região, identificam-se dois padrões distintos. Na Área Metropolitana de Lisboa e nas regiões Centro e Norte, o ritmo de crescimento da percentagem de jovens diplomados e da percentagem de sobrequalificados tem sido relativamente semelhante.

Por outro lado, o ritmo de crescimento da sobrequalificação tem sido muito superior ao ritmo de crescimento das qualificações dos trabalhadores no Alentejo, na Madeira, nos Açores e especialmente no Algarve. Isto significa que o aumento da sobrequalificação não está unicamente associado à massificação dos trabalhadores diplomados.

Nestas regiões, o fenómeno da sobrequalificação sugere que, cada vez mais, a maior parte dos diplomados tem sido absorvido pelo mercado de trabalho em ocupações que não requerem este nível de escolaridade.

Evolução da percentagem de diplomados e da taxa de sobrequalificação*, por região

*A taxa de sobrequalificação é a percentagem de jovens trabalhadores, dos 25 aos 34 anos, que completaram um grau do ensino superior mas trabalham em ocupações que não exigem esse nível de escolaridade (CITP 4 a CITP 9).

Fonte: Quadros de Pessoal (GEP/MTSSS), FJN/Brighter Future Nota: Trabalhadores em empresas; faixa etária 25-34 anos; com ensino superior completo. A informação regional diz respeito à empresa e não ao local de residência dos trabalhadores.