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Covid-19 reforça tendências de ganho ou perda de relevância das competências

A competência de ’Programação e design de tecnologias’ destaca-se das restantes pelo acentuado crescimento entre 2011 e 2019. A crise sanitária reforçou a tendência de crescimento ou decréscimo das competências verificada na última década.

PUBLICADO A 01/08/2021

AUTOR FJN

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O emprego em Portugal tem-se transformado na última década, tornando-se mais qualificado e mais concentrado em empregos mais complexo que envolvem tarefas mais abstratas do que manuais e requerem maior conhecimento por parte dos trabalhadores.

Esta transformação tem consequências nas competências mais relevantes para o mercado do trabalho, com algumas a ganharem preponderância em detrimento de outras. Como se caracteriza esta evolução até 2019? E a crise pandémica, veio reforçar ou reverter essa tendência?

Que competências que ganharam e perderam preponderância entre 2011 e 2019?

A transformação do emprego registada entre 2011 e 2019 levou a que a preponderância de diferentes competências tenha evoluído.

Nesse período, evidenciam-se as competências de ’Programação e design de tecnologias’, pelo crescimento acentuado na totalidade do emprego. O crescimento foi moderado até 2013, mas acelerou no período que se seguiu à crise financeira, tendo obtido uma taxa de crescimento para todo o período de 8,8%.

Embora menor, é também visível um crescimento da intensidade de utilização das competências de ‘Interpretação científico-matemática’ e pela ‘Análise e avaliação de sistemas’.

Estas três competências são precisamente aquelas que em 2018 estavam associadas a um maior salário real médio entre as pessoas ao serviço em empresas. São ocupações que utilizam intensamente as várias competências e que são mais usadas em profissões do tipo abstrato.

Em contrapartida, no mesmo período (de 2011 a 2019) decresceu a intensidade de utilização de competências como as de ’Monitorização e controlo de operações’ e de ‘Seleção, instalação e manutenção de equipamentos e sistemas’. Apesar desse decréscimo ter sido observado ao longo de todo o período, foi mais acentuado no período da crise financeira do que no período pós-crise.

Variação da intensidade de utilização das competências no emprego entre 2011 e 2019  

Fonte: Inquérito ao Emprego (INE), O*NET, FJN   Notas: Ver aqui [anexo metodológico](https://joseneves.org/pt/estado-da-nacao-2021?path=estado-da-nao-fjn/estado-da-nao-2021-fjn/anexo-metodolgico) para mais informação.


A crise pandémica reforçou estas tendências

As competências que mais perderam e ganharam preponderância em 2020, ano de crise pandémica, foram semelhantes às destacadas no período 2011-2019.

A intensidade de utilização de competências parece ter aumentado sobretudo para as competências de ‘Programação e design de tecnologia’, de ‘Interpretação científica e matemática e de análise’ e ‘Avaliação de sistemas’.

Por outro lado, o emprego global parece ter reduzido a procura por competências de ‘Seleção, instalação e manutenção de equipamentos ou sistemas’ e de ‘Monitorização e controlo de operações’, competências particularmente importantes em empregos de natureza menos abstrata. Estas tendências estão também em linha com as verificadas até 2019.

Finalmente, o aumento de intensidade de competências mais interativas, nomeadamente ‘Gestão de tempo e equipas’, ‘Orientação para o serviço e mercado’ ou ‘Inteligência emocional’, é menos notório, um facto a que não será estranho a sua maior dependência da interação social comprometida durante a crise pandémica.

Variação da intensidade de utilização das competências no emprego entre 2019 e 2020  

Fonte: INQUÉRITO AO EMPREGO (INE), O*NET, FJN  Notas: Ver aqui [anexo metodológico](https://joseneves.org/pt/estado-da-nacao-2021?path=estado-da-nao-fjn/estado-da-nao-2021-fjn/anexo-metodolgico) para mais informação.  


Este insight faz parte do relatório da Fundação José Neves “Estado da Nação: Educação, Emprego e Competências em Portugal” que pode consultado na íntegra aqui: